Engenheira trocou o salto pela botina e se tornou líder rural em SP

22/11/21

Em entrevista ao Giro do Boi, “mega” pecuarista Chris Morais relembrou relação com o agro desde a infância e celebrou conquistas recentes do setor

O Giro do Boi desta quinta, 21, recebeu em estúdio a “mega” pecuarista, engenheira civil, empreendedora e amazona Chris Morais, titular do Aerorancho, propriedade em Barretos-SP, e campeã brasileira na modalidade de adestramento clássico de cavalos.

A produtora, que agora desponta como liderança entre os produtores do estado, revelou que a ligação com a agropecuária veio de berço.

“Eu comecei a andar a cavalo na barriga da minha mãe. E isso está no DNA. O meu pai tem 87 anos e ele fala com muito orgulho: ‘eu nasci aqui, veja o tamanho da minha mão, tirando leite’. Então eu também cresci com um pé na cidade e outro na fazenda. Está no DNA, na genética, mas sempre com muito pé no chão e trabalho. Não é ficar de salto, não, nós trocamos o salto pela botina”, brincou.

DESAFIOS DA SAFRA

Chris listou em sua participação os desafios para a pecuária na última safra, entre elas a pior seca em quase cem anos, cujos efeitos foram potencializados pelas geadas. As intempéries atrapalharam o desempenho dos animais na “lavoura de arrobas” do Aerorancho.

Além dos desafios climáticos, a pecuarista falou também sobre as dificuldades com os custos de produção elevados pela alta dos insumos, como o milho, e indicou práticas que podem amenizar tais impactos para os produtores.

“Planejamento é tudo. Você tem que trazer a tecnologia para dentro, mas você também tem que ter um mega planejamento em relação a tudo isso. Então os seus estoques de comida, seja para qualquer sistema de engorda, seja confinamento ou semiconfinamento, você tem que trabalhar no mínimo com 60 a 90 dias de estoque. […] Então é planejamento. Você tem que fazer a compra na hora certa com preço acessível para depois a conta fechar”, frisou.

LUTA PELO SETOR

Para superar alguns dos obstáculo, Chris pregou a união dos produtores, como tem sido feito ao longo deste ano em protestos para reduzir a carga tributária sobre itens utilizados pelo setor no estado de São Paulo.

“É uma união da base dos produtores rurais. […] Nós nos unimos e fomos às ruas em 7 de janeiro, ordeiros e certeiros, sem bagunça. Levamos (pessoas) em mais de 300 cidades, mais de 35 mil máquinas nas ruas, mais de 150 mil pessoas. […] Nós estamos vivendo a pandemia global do coronavírus e esses impostos vão chegar na casa do consumidor, porque vai gerar um efeito de majoração”, contou.

A medida, segundo Chris, surtiu efeitos. “Houve a sensibilidade do governo, eles compreenderam e fizeram as revogações de um grande bloco. Tinha ficado muita coisa de fora, a carne no simples, o leite pasteurizado. Nós viemos para São Paulo, ordeiros e certeiros, mas em diálogo também com o governo, e isso foi muito importante, […] eles reconheceram e fizeram as revogações”, ressaltou.

“Eu acho que o diálogo é mais importante e foi isso que aconteceu. Abriram as negociações com diálogo e ver quais poderiam ser os pontos de melhoria para todos. E nesse enfrentamento da crise para ajudar”, celebrou.

Uma das recentes conquistas comemoradas por Chris e pela pecuária como um todo é a isenção de ICMS para a venda de sêmen de touros PO. “Já foi anunciado, estará entrando em vigor em 1º de janeiro de 2022. Essa é uma conquista de um mega diálogo”, reforçou.

Chris Morais divide os efeitos da conquista não só entre produtores, com com a sociedade como um todo. “Isso tem como consequência a carne de qualidade, no filé, no bife que você vai comer em casa. É muito bacana essa compreensão do diálogo entre todos porque o resultado é para todo mundo. Para os milhões de desempregados, para os milhões de aposentados, para as pessoas que estão vivendo dos auxílios emergenciais. Então esse diálogo, essa conversa, é muito importante. Todo mundo tem que ceder. E eu acho que esse é o mais bonito da situação, para esse enfrentamento, para a saída da crise da pandemia global do coronavírus e também de uma crise econômica”, completou.

UM CHOQUE NA PECUÁRIA

Chris também citou as mudanças que precisam ocorrer na pecuária da porteira para dentro. “A gente precisa dar um choque na pecuária. Aumentar a produtividade da pecuária em harmonia com a natureza”, apontou. Para tanto, ela reconheceu a importância de aprofundar o relacionamento com a indústria.

“E aí foi mega porque vocês abriram as portas, falaram para ir ao frigorífico e entender o que precisa, o que é um boi novozero ou dois dentes, com camada de gordura, livre de cisticercose, o tratamento, bem-estar animal, que já estava no meu DNA. Mas aí multiplicando isso cada vez mais. A rotação de pastagem a gente já fazia, mas estamos intensificando isso. Algo que a gente tem que falar muito é em relação a qualidade da água que o boi vai beber. Então, por exemplo, lá o gado nosso só bebe água em cochos. Os cochos são lavados em uma periodicidade de mais de uma vez por semana para não beber água no brejo”, exemplificou.

Manejo de pastagem: um dos pilares da produtividade no Aerorancho, em Barretos-SP

 

“Essa troca de informações durou meses e que, na verdade, é praticada todo dia, […] me ensinou e me ajuda a fazer as correções de erro sempre para poder implementar na propriedade. Tem toda a parte também da pastagem. O que eu tenho que fazer, a comida que eu vou dar para o boi. Por isso eu chamo de mega lavoura de arroba”, relacionou.

“Não importa a raça que você utiliza. Boi novo, zero a dois dentes, com camada de gordura, dentro de uma faixa de peso. […] Usem os protocolos, façam as vacinações corretas. Cuide do seu animal, faça o bem-estar animal. Você não está fazendo isso só para você. Você está dando qualidade para alimentação de cada pessoa”, concluiu a produtora.

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